Estou postando com atraso mas para conhecimento.
Durante o curso de Pós tivemos uma Disciplina com a Prof. Elaine Tedesco onde tivemos de realizar uma Intervenção Urbana..A minha intervenção, que pode fazer as vezes de semi-quase "performance" foi mais uma vez de temática auto-biográfica, abordando questões relacionadas a minhas percepção visual.
Foi um trabalho diferente, uma nova experiência que pretendo repetir.
Esta Intervenção foi realizada em Novo Hamburgo no dia 24 de abril de 2009.Abaixo vocês podem ver alguns registros e conferir os textos que "prendi" nos troncos das árvores
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TEXTO I – BRAÇO DIREITO
CID (Classificação internacional de doenças)
H35.5 - DISTROFIA HEREDITÁRIA DE RETINA
Discromatopsia: Deficiência que ocorre nas células fotoreceptoras da retina, podendo acometer cones e/ou bastonetes em graus variados.
Conforme os receptores envolvidos, o paciente pode apresentar deficiência na visão de cores de forma variada. Um sintoma muito freqüente é a fotofobia (sensibilidade á luz), e o nistagmo (movimentos rápidos e involuntários do olho de um lado para outro).
Sou Natalia Bianchi, tenho 23 anos e sou portadora de discromatopsia. Nunca vi as cores como todo mundo, mas ao mesmo tempo ninguém pode ver e perceber o mundo como eu.
TEXTO II – BRAÇO ESQUERDO
Frases do documentário Janelas da Alma de Walter Carvalho
“A minha diferença não é a condição física, mas o modo como enxergo o mundo”
(Evgen Bavcar)
“Ver o mundo é uma aventura curiosa. Acho que cada pessoa vê o mundo de um jeito e que não há dois mundos iguais”. (Walter Carvalho)
"...o que se vê é continuamente modificado pelo que se sabe, se espera, se quer, pelas emoções, pela cultura, pelas últimas teorias científicas..." (Oliver Sacks)
“As pessoas não sabem mais ver, não vêem nada, pois não têm mais o olhar interior, não têm mais a distância. Quer dizer, vive-se uma espécie de cegueira generalizada”. (Evgen Bavcar)
“O olho vê, a lembrança revê as coisas e é a imaginação que transvê, que transfigura o mundo”. (Manoel de Barros)
“Felizmente, a maioria de nós consegue ver também com os ouvidos e ouvir e ver também com o cérebro, o estômago e a alma. Acho que vemos um pouco com os olhos, mas não inteiramente”. (Wim Wenders)
TEXTO III – CINTURA
“Descrições quase poéticas...”
Eu não vejo o tom preciso de verde, mas sei que aquela textura de tirinhas brotando da terra fazem a grama.
Eu não sei se o céu é mesmo azul e as nuvens são brancas, mas vejo pedaços gigantes de algodão clarinho com aspecto fofo sobre um fundo acetinado levemente mais escuro.
Eu não vejo a cor precisa do mar, mas percebo imensas camadas de plástico com bordas esbranquiçadas.
Na praia, céu, água e areia se confundem, quase que como um monocromo, mas a sombra dos desníveis da areia faz machas escuras no chão, os reflexos de sol no mar fazem a água brilhar e o que de mais fosco resta é o céu com pequenos contrastes.
Noite: a escuridão do céu é um tapete de veludo preto com pontinhos brancos, os quais chamam de estrelas.
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